quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

A que horas despertas?

A que horas te apercebes que a casa está vazia,
que a vida está desamparada e a alma reclama
qual animal abandonado.
A tua voz não se faz ouvir
As paredes nada respondem
Recuo no tempo e nas memórias,
essas, as alegres, estão tão distantes.
A casa está agora vazia
Retorno e retomo o presente,
o que nos une desprende-se agora
e ecoa pela casa.
Sinto que estou de partida,
a dimensão que me move pede que avance,
Mas a casa continua vazia.


HHoje 2016

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Doçura dos dias

É sempre o Amor
que nos transforma os dias,
que nos segura as asas.

A todos desejo um santo Natal

HHoje

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Terra Mãe

À distância o Agosto fazia adivinhar e sonhar, que voltaríamos a atravessar o Marão para lá dos que cá estão.
Nos dias de estio mais longos, as pedras do casario da aldeia alindavam-se, pressentiam que nos iriam receber depois de um longo ano da ausência.
E o Verão acontecia.
A correria logo pela madrugada junto aos lameiros de um verde estonteante, dos castanheiros, o cheiro do pão que pairava no ar e nos chamava de volta a casa, qualquer casa, pois todas as casas eram família.
A aldeia sorria de tanta felicidade e de casas habitadas com os que regressavam com o coração a chamar pela terra, os tios, os irmãos, os primos, todos sentiam esse estranho mas delicioso chamamento da terra, da luz, do sangue e iam chegando, vindos de longe, de muitos e longínquos lugares para onde um dia tiveram de partir.
Era Agosto, era vida, era saudade na primeira pessoa. Todos sentiam mas ninguém falava, apenas contavam os minutos que estaríamos juntos, para construir mais memórias.
Era Agosto e a Senhora do Monte, lá no alto esperando a romaria, como se soubesse que renovaria a esperança que nos guia para mais um ano caminhando longe de casa.

Tenho saudades tuas, Terra Mãe.

HHoje