Como em qualquer momento da vida,
pensamos estar preparados para os embates e circunstâncias do dia a
dia que se quebra, se desmorona e se abate sobre nós qual vendaval
inesperado.
Pensamos, mas só em pensamento o
imaginamos, esperando que esse momento não nos abane, na nossa já
tão frágil existência.
Nós não escolhemos o Amor, mas o Amor
escolhe-nos a nós. Parece incontrolável e irreal pensar que esta é
a condição humana que molda o que somos, não o que queremos ser.
A mim, parece-me que o Amor se confunde
com a vida real, se mistura e se dilui com a ilusão dos dias. Dias
sem rosto, dias sem emoções, dias vazios. Corações vazios.
Passos dados sempre nas mesmas
direcções dos deveres para com os outros, nunca para connosco.
Parece que esta eterna espera por algo que me acenda a alma e aqueça
os passos já deixou de fazer sentido à muito.
Automaticamente padecemos de hábitos
já velhos e gastos de tanto praticados.
Será o ser humano tão pobre ?
Serei eu tão pobre? Não, pobre não
sou, pois tenho o melhor e maior tesouro que o ser humano pode
conceber, os meus filhos, carne da minha carne, Amor do meu
Amor consentido e querido.
E, perante estas evidências temos por
dever fazer cedências à vida.
Falamos do medo como se ele existisse,
medo de viver, medo de estar, medo de ser, medo efectivamente de ser
plenamente.
Mas continua a surgir a palavra medo, o meu medo de
magoar, de ferir, de continuar.
O medo é uma ilusão mascarada que
nos molda os dias, sentimento que nos atropela nos nossos melhores
momentos.
Sou fraca, reconheço, sou fraca por
mim, por não me deixar viver, no pouco ou muito que me resta.
Não
nos encontramos em uma qualquer esquina, esperamos uma luz que nos
encaminhe e traga uma esperança, uma força para continuar.
Vamos ficando sozinhos de pessoas, de
amores maiores que nos sustentam e alimentam a alma e, quando isso se
torna uma evidência cruel, não nos resta nada, apenas a condição
humana de existir.
Dias iguais, dias diferentes, que
importa neste momento.
Será que fomos sempre assim ?
O passado não perdoa nem justifica o
presente, nem tão pouco nos trará conclusões do que fomos ou
seremos.
O sol voltará a nascer como sempre,
Só
que menos brilhante.
HHoje 2008